6 de janeiro de 2010

Propriedade privada

Vou me espalhando pela vida como dono, senhor da propriedade privada do mundo.
É elevante ser poeira de estrelas, descender da matéria inicial, ou ser filho do incesto bíblico. Seria elevante conhecer a história.
A predição de Orwell se cumpre e a história vira jornal pra se cobrir do frio, enrolar o peixe ou limpar a bunda.
Não há outro caminho, me espalho pela vida como dono, o que me foi dado, foi dado sem reservas, sem juros, sem longas prestações para a felicidade, e ainda assim, sobrou pra todos.
Pegaram os espertos grandes partes. Eu escolho o todo.
Que há também quem queira as migalhas, e são muitos, e não param de se multiplicar, não param de amar migalhas anunciadas em sacados reclames, a nova do momento, simplesmente não param para nada.
Como comida de astronauta, as tarefas alimentam suas ânsias, lhes põem pra dormir em sono leve, vigilantes, (se) até acordarem num salto-espanto, com uma fome de alma.

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