7 de janeiro de 2010

O garimpeiro de papoulas

Seus pensamentos passavam como nuvens por um avião à cinco mil pés... um longo dia de trabalho.
A selvagem trilha sonora povoaria de imagens sua cabeça se compreendesse o quão vital é se jogar!, veria infantarias de abelhas à castigar o inimigo, o bailado de mosquitos a torturar suas presas, paisagens oníricas a ligar-nos a outros mundos, o mais próprio e íntimo à natureza, um lindo sonho que se vai e se esquece... a se conhecesse Heitor Villa-Lobos... Ligou a TV.
Pegou sua parte, pegou um avião, e foi pro outro lado do mundo, cansado da feiúra, cansado de todos, cansado de si, garimpar meio quilo de papoulas.
Mas papoula não se garimpa, é coisa pra cultivo e apreciação, Diz o Velho.
Ele cala.
Foi antes que lhe sugassem a alma, cansado de si. Avisou a quem convinha à mãe, cedendo a um ultimo capricho. Ouviu um blues que vinha do vizinho, um ensaio, e disse a si, Que lucro!!! Embarcou no dia seguinte deixando como ultimo mistério suas mãos e um beijo gelados.

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