6 de dezembro de 2008

o bem estar e outras cores

Falo de uma pequena cidade, ótima pruma boa preguiça, boa brisa, muitos tons de verde, uma pintura por poente. Suas vias caprichosas sempre convidando ao passeio, tanto melhor se for a pé, na marcha que captura os detalhes, um andar que vem pela outra calçada, cheiros, um canto de memória num canto de quintal, passos que formam o passeio e juntos formam aquela paz, como se os deveres estivessem todos cumpridos, um pequeno lugar, que disso faz sua melhor dádiva.

Algum célebre disse que “se conhecermos nosso vilarejo saberemos do mundo”! ou algo assim; sei que o bem-estar não faz parte de todos os lugares, diria privilégio, já que chega a tão poucos destinos. Sendo assim, os lugares e suas mentalidades são diferentes.

Talvez queria ele dizer das coisas que são universais e humanas, como a preguiça (pelo menos eu gostaria que fosse), o medo da morte, ou a hipocrisia.

Pensando bem, nessas nossas vidas citadinas, quantas pequenas hipocrisias não praticamos em favor duma convivência ou duma vantagem vislumbrada, ou ainda para salvar o próprio couro, ou ainda ao não discutirmos questões diretamente ligadas, como o consumo de crack e o aumento de furtos e roubos, excesso de TV e outras telas e tédio mental, modas e consumismo, políticos e nossos bolsos e principalmente nosso direito de posse da cidade. Pensando bem, e o orçamento participativo?

Assim andando, me pego no meio de uma praça entre graves palmeiras, mais velhas que as memórias mais antigas dos senhores, alguns de chapéu, que jogam cacheta e discutem política nos bancos ao lado da fonte, me pego pensando questões tão cinzas em terreno tão colorido, bem-estar e hipocrisia, um colorido um cinza.

E a sinceridade, que cor teria? Seria branca, desapegada de todas as outras cores?

Não sei, sei que as cores dizem muito e são sinceras, mostram no ato num vermelho de raiva ou num verde de calma, num esnobe cinza e prata, num orgulhoso dourado, no preto sua rebeldia ou gala, assim convivendo coloridos e cinzas pintando à óleo este lugar.

Estou agora com os pés na água, até os joelhos dentro do rio, verde este, espelhado de tão calmo pois o ar também está, e eu também estou, estou até azul de fome, fome de um abraço apertado e assim sincero, como esta tarde.

Um comentário:

Anônimo disse...

...'E a sinceridade, que cor teria? Seria branca, desapegada de todas as outras cores?"....

Neste momento sou eu que estou assim... " azul de fome, fome de um abraço apertado e assim sincero, como esta tarde"

Muito boa, Rô!
Adoro...

Bj